quarta-feira, 13 de maio de 2009

Mãe ajuda pais que têm filhos gays


A revista Época dessa semana fez uma entrevista com Edith Modesto, 71, fundadora da ONG Grupo de Pais de Homossexuais, que auxilia pais a lidar com a descoberta de que seu filho é gay. Edith passou por isso há quinze anos, quando um de seus sete filhos fez o out. Filósofa e professora da USP, ela já escreveu dois livros sobre o tema ‘Vidas em Arco-Íris’ (Editora Record) e ‘Mãe Sempre Sabe?’ (Editora Summus).
Na entrevista, ela conta que, apesar das conquistas da militância LGBT, quando o tema da diversidade sexual surge entre quatro paredes, a situação é mais difícil. “É a velha história: e se fosse o seu filho? Conheço mulheres que durante a vida tiveram amigos íntimos homossexuais e um dia, ao se deparar com um filho gay, enlouqueceram. É quando o nosso sentimento real, e não aquele da pesquisa feita na rua, que respondemos em tese, entra em cena.”
Edith afirma que homossexuais ainda são expulsos de casa, apesar de ser mais raro que no passado. Para a filósofa, como a sociedade avançou, os pais têm vergonha de radicalizar a situação. “Mantêm o filho em casa, mas não aceitam a homossexualidade dele. O resultado é que a pressão no lar passa a ser maior ainda.”
A escritora tem observado que, para os pais, é mais difícil ter um filho gay que uma filha lésbica. “Um pai, quando coloca um filho no mundo, quer a continuidade daquela linhagem. Somado ao machismo, fica uma situação muito difícil. Se a filha é lésbica, os pais acreditam que será mais ‘disfarçável’, já que ela pode ter amigas e demonstrar afeto.”
A pior fase pela qual passam os pais de gays é a da descoberta, conta Edith à Época. “É cercada de culpa e negação. Ninguém foi preparado para ter filho gay. Somos ainda muito levados pela vertente da psicologia que diz que a culpa é sempre da mãe.”
O mais comum, segundo Edith, são os pais acreditarem que a homossexualidade é um problema psicológico, uma fase de experimentação ou mesmo safadeza. “Tentam mostrar ao filho que existe um caminho melhor. Isso é o padrão e eleva o nível de sofrimento para todos.”

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